Notícia - Fantástico conta a história de famílias unidas pelo trabalho sob mesmo teto22/09/2015 Fantástico conta a história de famílias unidas pelo trabalho sob mesmo teto
Filme estrelado por Regina Casé, e que foi indicado para concorrer a uma vaga no Oscar, também fala de família, carinho e amizade.
O Fantástico vai contar duas histórias que falam de trabalho, família, amor, afeto e do que acontece quando tudo isso se mistura sob o mesmo teto.
Há 20 anos, Maria de Lourdes estava precisando muito de um emprego. E Lica, Eliana Couturato, muito de uma empregada. “Ela morava na rua Pará na época, aí fui lá. Aí de cara gostei”, diz a doméstica Maria de Lourdes.
Além de trabalhar, Lourdes morava na casa. E tudo começou a mudar quando ela foi passar as férias na cidade onde nasceu, na Bahia, e trouxe o neto com ela. “Eu perguntei pra ela se eu podia trazer”, conta Lourdes.
Confira a entrevista completa de Regina Casé para o Fantástico
Nas férias seguintes, mais uma ligação. Resumindo a história: a Lourdes levou os três netos para morar com ela na casa da Lica. O último foi escondido. A casa virou uma festa. Eram quatro meninos: os três da Lourdes e um da Lica, o Rafael.
“Ia pra casa dos meus amigos, levava eles juntos, ficava lá brincando, jogava video game. Tinha mais gente da família da Lourdes do que nossa, mas na verdade era tudo uma família só” conta o administrador Rafael Couturato.
Se você está achando que isso é história de cinema, meio que acertou. Está em cartaz na telona um enredo parecido. É ou não é, Regina Casé?
“Eu achei a história tão linda. A gente estava falando de mãe e filho. A gente estava falando de marido e mulher, Nordeste e São Paulo, gerações diferentes tendo que conversar”, diz a atriz e apresentadora Regina Casé.
O filme se chama "Que Horas Ela Volta?" e esta semana foi indicado pelo Brasil para concorrer a uma vaga no Oscar. E trata disso que a Regina falou. Na história, ela interpreta a Val, uma empregada que vive e trabalha durante anos na casa de uma família, em São Paulo.
A trama se agita quando a filha dela sai do Nordeste para estudar e também vai morar na casa dos patrões.
“O filme fala de um jogo de regras e não dos jogadores. Ele não está julgando. Ele não julga a patroa, nem o patrão, nem a filha da empregada, nem a empregada”, explica a diretora Anna Muylaert.
A Camila, que vive Jéssica, filha da empregada no filme, diz que conhece um monte de histórias assim. “Eu acho que eu me inspirei em várias pessoas que eu lembrava. A Jéssica já é aquela pessoa que surgiu e que quer construir a própria história,” conta a atriz Camila Márdila.
A Alessandra já foi a filha da empregada. Cresceu tentando entender algo meio confuso: por que o lugar que ela chamava de casa, a mãe chamava de trabalho? “Eu lembro muito do apartamento onde eu morava. Então eu brincava muito, era um apartamento muito grande”, diz a estilista Alessandra Costa.
As fotos contam a história: era uma família improvável. Entre colos, carinhos e chamegos, a Alessandra ganhou o amor da Dona Flory e do seu Pedro. A filha da empregada virou a filha dos patrões também e todos viveram assim, juntos, durante 12 anos. Até que a Maria José decidiu sair do emprego.
“Não foi muito tranquilo, porque ela não entendia por que eu estava saindo. E claro que ela não queria que eu saísse,” diz a auxiliar de enfermagem Maria José Costa.
A Alessandra continuou na casa, sendo criada pela Dona Fleury, que morreu ano passado. A filha biológica dela, que tinha 30 anos quando a Alessandra nasceu, lembra do amor que os pais tinham pela menina.
“Foi muito bom para eles, eles tinham verdadeira loucura por causa da Alessandra e vice-versa”, afirma a arquiteta Miriam Senna.
A gente não está falando só de patrões e empregadas. A gente está falando de pessoas, de respeito, carinho, amizade, amor. E nada disso se escreve na carteira de trabalho.
“Muita gratidão por ela e pela família dela. Ela me acolheu, sou muito grata”, diz Lourdes.
Fantástico: Se eu falar para você a palavra "família", quem são as pessoas que aparecem no seu pensamento?
Alessandra: Eles três, os três. Minha mãe, minha madrinha, Flory, e meu padrinho, Pedro.
Fantástico: É a sua família?
Alessandra: É a minha família.
Fonte: G1
Sindoméstica Sorocaba - Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos de Jundiaí e Região